sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Se não der certo, viro hippie

Quando eu era mais nova meu sonho era ser uma rock star. Ouvia rock’n’roll e heavy metal o dia inteiro. Voltava da escola e ficava horas tentando tocar “master of puppets” do Metallica na guitarra – nunca consegui tocar inteira. Até que o final do ensino médio começou a se aproximar e a temível dúvida do que fazer na vida começou a aparecer. Vou ser musicista, lógico!  Aí vinham os coleguinhas e diziam que música não dava dinheiro pra ninguém, se você quisesse ser alguém na vida teria que encontrar uma profissão. “Vou tocar numa banda nem que seja em troca de um prato de comida!”, era o que eu costumava responder.  Ah, o fervor da adolescência...  

Mas no fundo do coração sempre tinha aquela frase mágica, que tornava a ideia do futuro então sombria e desconhecida muito mais fácil e encorajadora: Se nada der certo, viro hippie!

Somente hoje consigo ver que o "dar certo" é algo relativo, aos olhos de quem eu fui há alguns anos, de quem sou hoje, das pessoas à minha volta, ao que a sociedade em geral entende em "dar certo"... Não há fórmulas para nos transformar naquilo que sonhamos para nós mesmos daqui há cinco, dez anos no futuro. Entendi que a cada fase da vida sou uma pessoa diferente e o mais importante é perceber o que eu quero em cada uma dessas fases. Isso é o mais difícil. Descobrindo quem eu sou e o que eu quero, aí sim posso arregaçar as mangas e partir para luta. Porque somente eu vivo minha vida, ninguém mais pode saber o que é melhor para mim.

Ah, e eu não desisti da música, apenas não quero mais tocar em troca de comida.

Foto por Cecília Nogarotto

2 comentários:

  1. Belo texto!
    Minha adolescência e meus sonhos eram muito parecidos com os seus.
    E acabo concluindo, como você, que sou um work in progress, estou sempre me transformando.
    Obrigada pela visita!

    Beijo!

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