sexta-feira, 14 de março de 2014

E foi assim

O ano era 1970, e ele acabara de aceitar a proposta que recebera uma semana antes por uma carta do antigo professor da faculdade. O que ele não contava é que depois de acordar às cinco da manhã para pegar seu voo que sairia às oito horas, ainda teria que esperar por mais duas horas devido a um atraso. Decidiu comprar um livro para passar o tempo. Escolheu o primeiro que viu na prateleira e voltou para seu banco. Começou a ler mas logo entendeu que o livro foi inútil. Não conseguiria sequer passar de uma página inteira. Os olhos dela cheio de lágrimas não saíam do seu pensamento, ela não disse nada além de que ele deveria ir sim, era o melhor a ser feito, uma oportunidade daquelas não aconteceria uma segunda vez.

Ele então fechou o livro e o deixou no banco ao lado. Voltou para casa e a pediu em casamento. Hoje eles moram em uma casa feita de pedras com duas chaminés e flores nas janelas. Tem um pequeno rio que passa nos fundos do jardim e quando tem sol eles costumam ir até lá e ficam até a hora do jantar.

Não sei ao certo o que aconteceu com o livro que ficou esquecido no banco do aeroporto. Até ontem. Numa visita ao sebo, procurando na seção de três reais, um nome me saltou aos olhos e ouvi a voz da minha irmã pronunciando o título. Lembrei dela comentar que era um bom livro. Somente quando cheguei em casa e o abri com cuidado para não rasgar as páginas já gastas e amareladas entendi que a estória escrita nas páginas jamais poderia contar o que realmente o trouxera até ali.

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